terça-feira, 19 de junho de 2018

Memórias

Esta é a historia mais triste que alguma vez ouvi.
Uma neta e um avô, dois grandes amigos, que têm uma amizade muito além de uma relação entre avô e neta.
Júlia relembra o passado. Relembra a sua infância. Uma infância alegre e cheia de amor. Ela não podia pedir melhor!
Lembra-se de quando o avô pegava nela ás cabalitas. Lembra-se das suas aventuras com o avô. Lembra-se das historias de embalar que o avô lhe contava. Mas isto tudo tinha que acabar?
- Avô, avô!- Lembra-se Júlia de um daqueles momentos felizes que esta viveu.
-Que fui Júlia?-pergunta Sr. Francisco para a sua querida neta.
- Olha o que eu encontrei!- a menina de 5 anos abre a mão dando visibilidade para uma linda borboleta , castanha e azul.
-Que linda Júlia! Onde a encontras-te?- pergunta o senhor de 55 anos a admirando.
-Ali. Perto na cachoeira.-responde a menina apontando para o lugar. E isso fez com que Júlia chora-se. Como ela tinha saudades daquele tempo! Em que as preocupações eram nulas e era-se feliz.
Pega numa fotografia, de uma das caixas que havia no sotão, e vislumbra um dos momentos entre ela, o avô e o seu cão, Snopy.
-Olha avô! Olha o que ele fez!- mais uma memória invade a cabeça de Júlia.
-Que cachorro mau!- resmunga Francisco pegando na bota roída. O pobre cachorro dá um pequeno latido em sua defesa.
E mais uma vez a face de Júlia se enche de pequenas gostas salgadas que teimavam em cair dos seus olhos.
Rodou o sotão á procura da caixa certa. Encontre-a perto do grande espelho da sala antiga. Dela, retira um caderno já velho, em que as suas páginas eram amarelas. Á sua volta havia um cordel branco e um aloquete já arrombado. Abrio e começa a ler as suas páginas poeirentas.
"Naquele dia, eu só queria chorar. Ver a minha linda e querida neta a ir embora era a pior coisa que podia acontecer na minha vida. Como é que alguem pode fazer isso?
Talvez tenha sido o melhor, não só para mim, mas também para ela. Acho que Júlia não aguentaria ver o avô a morrer. Ficaria mais triste do que agora.
Júlia desde sempre fui uma garota intelegênte. Aos 5 anos já sabia ler e escrever. Pouco a pouco se tornou a melhor aluna do seu ano. Como tal, não fora fácil esconder minha doença de coração.
Descubria á pouco tempo, mas mesmo assim já começo a ter algumas doenças. Creio, que em breve terei de deixar o mundo, para outro nascer em vez de mim."
Júlia desde sempre admirara o avô. Ele desde sempre fora o seu heroi. Sempre fora o conselheiro, o ombro amigo, um verdadeiro amigo. E isso era uma coisa rara, como o petróleo, e ela adorava ter ele ao seu lado.
Pousa novamente o diário no seu respetivo sítio e desce. Já fui á dois meses que seu avô morreu e ela sabia que perdera um amigo, mas que este ficaria sempre no seu coração.
Saí de casa, pela porta dos fundo, e corre até a linda cachoeira onde passou maior parte da sua infância.
Esta era linda! As águas cristalinas batiam no chão, e o seu compacto fazia com que ouve-se pequenos salpiscos. Olha em volta e pensa:
-Talvez, meu avô queira que eu siga em frente. Talvez, ele queira que eu encontre a felicidade noutro lugar. Mas, eu serei capaz? De ignorar o passado e viver o meu futuro?
Vai ate á agua e vê seu reflexo.
Ja fui á 4 anos que se separara de seu avô e as saudades apertavam, mas saber que de um dia para o outro que nunca mais iria ouvir a voz do tão amigo que seu avô fora um dia, fui o cúmulo!
Agora com seus 12 anos, Júlia é uma rapariga feliz, mas triste. Triste, por ter perdido o seu maior pilar. Porquê que ela não podia ignorar como sua familia fizera? Porquê que depois de dois meses ela ainda sofre tanto?
Ela levanta-se e corre novamente para a casa de madeira que era de seu avô. Ela herdara-a, e o mais impressionante é que a mãe, sendo filha do senhor Francisco, não herdara nada. Ele tinha assim tanto amor por sua neta?
-Finalmente, te encontro Júlia! Vamos, temos de voltar para o aeroporto.- diz sua mãe, Maria, entrando no carro.
Júlia olha uma última vez para a linda casa de campo que um dia fora a sua casa, e onde vivera todos os momentos mais felizes da sua vida. Mas, agora ela teria de deixar o seu ninho de conforto e deixar apagar aquelas memórias para poder viver novamente a sua vida.
Mas um dia, ela ainda voltará aqui, e nunca mas nunca o seu avô será esquecido.


domingo, 17 de junho de 2018

A Arte e a Educação


Pode parecer estranho que, em pleno século XXI, as pessoas não considerem as artes como algo importante para o desenvolvimento da sociedade, porém, para nossa infelicidade, essa é a mais pura realidade dos nossos tempos. Lamentavelmente, este pensamento não foi salvo na educação. Os jovens escolhem, cada vez mais, o caminho da ciência para o seu futuro, fazendo com que as artes fiquem como segundo plano. Isto pode parecer normal para maioria da comunidade, por ser esta a área que cuida do ser humano, no entanto o Homem necessita de divertimento e de se manifestar. Eu posso compreender que a ciência é realmente importante para o mundo e para a espécie humana, todavia é, na minha humilde opinião, necessário aproveitarmos tudo aquilo que floreia a nossa imaginação. As artes possuem poder. E, tristemente, poucas são as pessoas que aproveitam essa energia para usufruírem a vida. Um livro, uma escultura, uma pintura, uma música, um espetáculo... Cada uma destas pequenas, grandes, coisas mudam a nossa maneira de ver o mundo e de ser. Por essa mesma razão, acho que as escolas deveriam atrair, graduadamente, os jovens para estas áreas que envolvam a técnica de fazer qualquer uma destes artifícios, não deixando a própria ciência, que muito é importante nos dias, de lado. Em suma, penso que as artes são assaz desvalorizadas e, por essa mesma razão, devemos atrair a sociedade para este novo ofício, sem rebaixar as outras áreas. 


Memórias

Esta é a historia mais triste que alguma vez ouvi. Uma neta e um avô, dois grandes amigos, que têm uma amizade muito além de uma relação ...